terça-feira, fevereiro 12, 2008

Cores


de rosas cintilantes e azuis turquesa
da infância em dias cor de laranja
dos olhos fechados em sonho
eu os abri pra realidade, indefesa

recebi  presentes gris e cega
enxerguei a vida menos bela
palidamente cálida e embaçada
vendo tudo por um verniz

num brilho falso que não apraz
escondida como presa
lancei olhares de cor vermelho
sangue, rubi cortante e intenso

queimei pra ver se derretia o gelo
indecentemente rasgado e imoral
das desbotadas companhias
de amores ausentes, à solidão

ferida me tornei branca no preto
contida amarguei as derrotas
vencida sofri pálida a quase morte
me entreguei então à dor

me deixei aquietar como broto
por tempos deixei juntar poeira
no rosto observando por frestas
o marrom da mistura: lágrima e pó

regando a terra, aguardei nascer
em amarelo ao verde me vi crescer
em esperança de dias laranjas
como na velha infância amadureci


brotei feito flor furta-cores
lilás para a vida, voltada pra luz
me despedi atrevida do luto
pra me transformar arco-íris no amor.

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